terça-feira, janeiro 22, 2008

Fofurinha

Ele ia vir. Finalmente. Depois de muita luta. Muito sangue, suor e lágrimas. Ele ia vir. Ia estar aqui. Pertinho. E ela delirou.

Se arrumou especialmente para ele. Com todo o cuidado e carinho. Passou creme nas mãos, colocou uma roupa nova, na cor que ele gostava, e se perfumou. Não sabia se ele ia notar, mas não se importava. Ele ia vir. Finalmente.

Chegou cedo no local e bem mais cedo que o marcado. Queria um bom lugar. Iria vê-lo afinal. Depois de tanto tempo. Passou batom e ajeitou o cabelo. Estava ansiosa. As mãos suavam.

Entrou e procurou um lugar para se ajeitar. Sentou. Olhou as pessoas ao redor. Estava num local privilegiado. Procurou na bolsa a agenda. Checou as horas no celular. O grande momento estava chegando.

Que tédio em esperá-lo. Agora estava de pé. Procurava se distrair, mas não conseguia. Nem distinguia o que via. Balançava de um lado para o outro, cantarolando músicas sem importância.

De repente, depois de muita espera, ele! Sim! Lá estava ele! Estava lindo! Uma fofurinha. Os mesmos olhos verdes, cabelos loiros e irreverência de sempre. Uma voz firme e inconfundível.

Imediatamente ela ergueu o cartaz escrito “Te amo, Sting” e deu dois berros de ensurdecer qualquer cristão. A multidão foi à loucura. Ele abriu o show com um grande sucesso. E ela pulou como nunca, dançou, chorou e cantou as músicas preferidas. Ficou rouca de tanta emoção. Os pés iriam doer nos próximos dois dias. Mas aqueles momentos foram únicos em sua curta vida de adolescente.

Ao final do show, tirou a sorte grande e pegou uma camisa que ele jogou. Teve de ter pulso firme para não a ter arrancada da mão. Saiu correndo, com 200 grupies em seu encalço. Mas, sobreviveu.

Não dormiu uma semana. Finalmente ele havia vindo. Depois de tanta luta. Tanto sangue, suor e lágrimas. Finalmente. Ele havia vindo.

E passou o resto da vida delirando.

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