sábado, maio 19, 2007

A resposta

18 horas no relógio. Ele estava ansioso.

Olhou na direção da garota e ela se levantou, arrumou os livros na pasta e foi caminhando lentamente até a porta.

O homem a seguiu com os olhos.

Se encontraram na porta do estabelecimento e entraram discretamente.

Quando ele entrou no quarto, muita coisa o surpreendeu. Havia uma tv gigante, som, frigobar, inúmeras coisas que ele nunca tinha visto num motel. "Faz tempo que não visito um desses", pensou.

Ficou visivelmente sem graça com a garota. Mal a conhecia. Apenas em seus devaneios eróticos.

Mas, agora, na hora de realizá-los, ele estava muito desconfortável.

Mais engraçado ainda foi quando ela chegou até ele e perguntou:

"E então? O que você vai querer fazer"?

"Hmmm... o que você quiser".

"Ok. Eu gosto muito de sexo, sabe? E gosto de ficar por cima, se você não se importa".

"Não, de forma alguma".

Ela começou a se despir. Por debaixo do jeans havia uma calcinha de renda rosa. O soutien era rosa também. E os contornos do corpo da pequena ninfeta não decepcionavam. Era tinha um bumbum irresistível, com coxas esculpidas no mármore de sua pele.

Como a própria Lolita, a menina jogou os braços por cima do homem e o beijou. Ela o conduziu o tempo todo. O jeito certo de chupar, as carícias nos lugares que ela mais gostava, os beijos. E ela estava por cima, quase no auge do orgasmo, quando seu companheiro olhou distraidamente para a mão esquerda e teve um choque enorme.

Havia esquecido de tirar a aliança de casamento. Estava transando com outra mulher com a aliança no dedo. Imediatamente a sensação de culpa invadiu-o.

Mas já era tarde. Estava dentro dela. Duro. Cheio de tesão. Pronto para explodir de prazer.

Tirou a aliança da mão e a colocou na escrivaninha ao lado da cama. Sentiu medo e vergonha. A partir daquele instante poderia perder a filha e a esposa para sempre.

Gozou como não gozava há muito tempo. Sentiu um prazer enorme. Seu coração bateu descompassado no peito.

A companheira desceu de seu colo e se deitou ao seu lado na cama.

Ele olhou à sua esquerda e a aliança olhou de volta para ele, da escrivaninha. Estava nítida a data do casamento e o nome da esposa, gravados no anel.

E então, ele teve certeza.

De quem era o grande amor de sua vida.

A pergunta

Ele concordava com a sogra. Devia descobrir o que sentia primeiro. Afinal de contas, o que ele sentia pela colega de trabalho? O que era aquele sentimento? Era tesão? Amor? Adoração?

Ele teve a mais louca das idéias.

Na Segunda-feira, ele se sentou em sua mesa no escritório e a viu chegar. O jeans apertadinho, o jeito meigo de falar. Esperou pela hora do almoço. E se aproximou.

"Queria falar com você um instante".

A mocinha se virou e olhou para ele.

"Diga".

"Bom, vou direto ao ponto porque, bem, já perdi tudo que podia ter perdido. Com certeza, você sabe da minha admiração pela sua pessoa".

"Oi? Como é?"

"Hmmm, sabe como é, te acho muito gata, essas coisas..."

"Ah, tá... você é um desses caras mais velhos que querem me comer..."

O homem ficou visivelmente constrangido com a franqueza da menina, mas prosseguiu.

"É... bom, é isso mesmo. Eu queria saber como é, sabe, com você..."

A menina não pôde evitar soltar uma sonora gargalhada. O homem estava se submetendo a um papel ridículo.

"Bom... vamos ver... ok, vai, eu dou pra você".

"O que"?

"Eu te dou. Não é isso que você quer"?

Ainda sem compreender direito o que estava acontecendo, ele disse "sim!".

"Então, ok. Hoje, depois do serviço".

Então era isso. Fácil assim ele ia comer a ninfetinha de seus sonhos, destruidora de seu casamento.

A procura

Naquela noite, a cama nunca foi maior. Sonhos cheios de culpa, em que ele seguia a mulher vestida de azul e depois caía em um precipício. Uma noite sem sono. Um pesadelo sem fim.

Levantou-se e lembrou que era sábado. Iria passar o dia inteiro à procura da mulher. Decidiu novamente procurar a sogra. Ela devia ter alguma pista.

Pagou o táxi e bateu a campainha apressado. A sogra o convidou a sentar.

Quando se sentou, um turbilhão de lembranças invadiu a sua mente de uma vez. Havia ido àquela casa quase todos os fins de semana dos últimos 10 anos. Desde quando namorava até quando se casou, a sogra era pessoa freqüente em sua vida. E os dois mantinham muito bom relacionamento.

"Quero saber onde ela está, dona Elis. Preciso saber. Tenho direito de saber, como marido dela"!

"Bom, onde ela está ela não me revelou, mas me contou que está bem e que está muito brava com você".

Ele corou levemente. Não imaginava que a mulher contaria à mãe sobre os problemas conjugais.

"Dona Elis, eu quero encontrá-la e fazer as pazes com ela. Eu ainda a amo".

"Bom, se você ainda a ama vai ter de provar isso pra ela e não vai ser nada fácil. Ela não acredita mais em você. Você não foi honesto com ela".

"Como assim, não fui honesto? Eu nunca a traí! Jamais dormi com outra mulher durante nosso casamento! Ela está sendo ridícula! Está com ciúmes de uma mulher com a qual nunca me relacionei".

"Mas você deseja essa mulher, de uma forma como não deseja mais a minha filha. Você iria continuar casado com ela por puro comodismo. E também porque adora sua filha, jamais a deixaria sem pai".

Ante essas palavras, o homem ficou desolado. Não adiantava. Não conseguiria nada ali.

"Acho que antes de procurar minha filha, você deve encontrar a si mesmo primeiro. Descubra se você a ama de verdade".

O homem se despediu, se sentindo o pior dos seres humanos.

A Traição

Ela se sentia muito mais abandonada que ele. Os dois na cama já não funcionavam mais. Ele já não a procurava. Ela já não sabia o que dizer, o que fazer...

Ela sentiu ciúme do olhar dele para a colega de trabalho. Ele já não a olhava com todo aquele desejo.

Mas, o que tinha acontecido? Porque as coisas haviam chegado a esse ponto? Qual o motivo?

Será que ele ainda a amava?

Era isso que ela queria descobrir.

E queria descobrir também se ela ainda sentia todo o sentimento por seu esposo. A dor no peito. A angústia de esperar ele chegar do trabalho para cobrí-lo de beijos. Pensar nele o dia inteiro.
Será que ela ainda sentia tudo isso?

"Será que ele vai sentir minha falta"?

Quando deu por si, já estava na porta da casa de Renata.

Renata era sua prima querida que morava nos Estados Unidos. Havia voltado no dia anterior. Ficaria um mês no Brasil resolvendo questões relacionadas à renovação de seu visto.

Na cozinha, elas sentaram e tomaram uma xícara de chá. A menina estava cansada e foi dormir na cama improvisada pela prima de sua mãe.

"Nós passamos por muita coisa juntos. Conversávamos sempre. Fomos honestos sempre. Em tudo. E agora, ele se sentiu atraído pela colega de trabalho".

"Mas ele chegou às vias de fato? Ele transou com ela? Eram amantes"?

"Não. Eu fui visitá-lo no serviço e desconfiei um pouco de como ele encarava a moça e então, levantei a ficha dela. Você sabe, aquele primo nosso, o Evandro".

"Você colocou o Evandro seguindo a moça"?

"Claro. Eu não sou burra. E ele se prontificou em me ajudar".

"E aí"?

"E aí que nada. Eles jamais se encontraram fora do horário de serviço. Mal se falavam. Eu também tenho meus contatos onde ele trabalha".

"Menina, você não é fácil, não, hein"?

"O que mais me revoltou, sabe, foi que ele não me disse nada. Ele permaneceu em silêncio. Se ele tivesse me dito que estava atraído por uma mulher, que desejava 'carne fresca', eu poderia até ter reagido diferente".

"Até parece..."

"Até parece nada! O pior não é a traição. O pior é a falta de lealdade e de respeito para com o seu parceiro. Eu me senti traída não porque ele está apaixonado por outra mulher e sim porque ele não me respeitou o suficiente para me dizer que já não me amava mais. Me deixou iludida na expectativa de que fossemos continuar casados".
"E agora? O que você vai fazer"?

"Ficar aqui, por enquanto. Ainda não sei pra onde vou. Tenho certeza que ele vai me caçar como um cão farejador, à procura da nossa filha. Ele não sabe que você voltou dos Estados Unidos. Não tive nem tempo de contar a ele".

"Bom, vai ser um prazer recebê-las. Mas, apesar de sua revolta, acho que você não devia ter fugido. Agiu no impulso".

"Mas agora não tem volta. Vou seguindo meu caminho".

terça-feira, maio 15, 2007

O motivo

Ele ficou desnorteado, sem saber o que fazer.

Ela, por um olhar, havia descoberto tudo.

Já fazia algum tempo que ele se interessava pela companheira de serviço.

A calça jeans apertada, os olhos negros de lápis, o batom vermelho-sangue. Tudo convidava ao sexo, cheio de violência e lascívia, de preferência na mesa da sala de reuniões.

Mas ele nunca havia tido uma oportunidade.

A musa não sabia de sua reles existência.

No coquetel do dia anterior, deslumbrante em um vestido vermelho, a garota era pura sedução.
Ele havia deliberadamente babado por ela.

E sua esposa não era cega.

Agora, ele estava chocado. Com a carta nas mãos, ele se desesperou.

Aquilo era só desejo, será que ela não percebia?

Ele jamais teria coragem... Ou será que teria?

Elas não estavam na casa da sogra, nem na casa da mãe dele. Também não estavam na casa da melhor amiga do casal. Quando ele ligou para o celular dela, escutou, para seu desespero, o toque do Danúbio Azul vindo de seu quarto. Ela e a filha haviam desaparecido e não tinham como ser encontradas.

Tudo isso porque seu desejo pela esposa havia acabado.

Para ela, isso havia sido a gota d’água em um casamento que já não ia bem há alguns meses.

Agora, ele experimentava, pela primeira vez na vida, a sensação de abandono.

A Fuga

O mais silenciosa que pôde, ela colocou o vestido azul na pequena valise. Olhou ao seu redor e sentiu uma emancipada saudade. Saudade de dias mais felizes que aquele.

Não havia muito tempo. Ela pegou a mala e levou até o carro.

Então, ela pegou a pequena, que estava dormindo. A menina estava inerte, imune àquela fuga.

Com a filha no colo, desceu e abriu devagar a garagem. Entrou no carro, colocou a menina ao lado e saiu.

Quando ele chegou, duas horas mais tarde, o silêncio reinava absoluto. Não havia o barulho habitual das panelas sendo mexidas, o cheiro do arroz com feijão, as risadas da menina, que iluminava a casa. E ele logo estranhou. "Teriam elas saído para algum lugar"?

Ao colocar o notebook sobre a mesa, a surpresa: Havia um bilhete.

"Meu caro,tu me decepcionaste muito.

Tudo o que foi prometido, desfez-se. Tudo jogado fora. Tudo em vão.

Quando eu vi teu olhar para ela, eu soube. Havia acabado. Teu amor era outro.

O ardor dos seus olhares já não era mais meu. Vi você reparando em tudo. No contorno das coxas, na sinuosidade das curvas, no encaixe dos músculos, na boca vermelho-sangue.

E soube que era o fim.

Vou-me antes que murchem as flores. Enquanto ainda há tempo para guardar por ti algum respeito em minha memória. Deixo-te a casa vazia, para que com ela coabites, se quiseres.

Levo minha filha, pois que ela é única para mim. Já você, poderá fazer outros filhos naquele tão
bem delineado ventre.

Cordiais despedidas deixo-te,

assinado,

...".

Fome

O almoço não satisfaz

de jeito nenhum.

O emprego não satisfaz

de jeito nenhum.

O sexo não satisfaz

de jeito nenhum.

Sempre queremos mais...

Mais variedade no almoço

Comer sem risco de vida.

Outro emprego

com salário melhor, menos exploração e mais prazer.

E sexo de bambear as pernas

Que esse é do melhor que tem.

segunda-feira, maio 14, 2007

Domingo

Você...

Não sai da minha cabeça

Porque...

não esqueço aquele beijo

Porque...

te amo

É duro...

sentir sua falta

Mas vou driblando...

e te amando.