sexta-feira, fevereiro 19, 2010

João

Hoje, comemorando cinco meses de casamento com meu amado, vamos ao Diamond, depois de um dia de trabalho cansativo.

Comemos pizza e nhoque, discutimos sobre os projetos em comum e fazemos compras básicas na Araújo: remédio contra pernilongo, sabonete, etc.

Ele desce até a banca de revistas e eu vou até o banheiro. No caminho, quem encontro?

O João. Justo ele. Aquele cara por quem morri de paixão na oitava série, época em que curtia nerds de óculos e cabelo curto e liso. Nos dias de hoje, essa tchurma seriam os emos. :S

Enfim, o João ficou me dando foras por toda a oitava série e segundo grau. Era fascinada com ele. Porque? Simples. Não tinha auto-estima. Se tivesse, teria desencanado dele fácil e procurado algo melhor.

Ao invés disso, fiquei remoendo e remoendo. Ele era um colega legal. E eu era A GAROTA MAIS FEIA DE TODA A OITAVA SÉRIE.

Sim, eu sofri muito no colégio. Muito bulling. Desde bem pequena as lembranças que tenho são de ser xingada e maltratada pelos meus "amiguinhos", que me odiavam. Isso porque eu era um patinho feio, tirava notas boas e não passava cola pra ninguém. Se eu passasse cola, todo mundo me amaria, claro. Mas meu pai e minha mãe são professores. E eu sabia que seria morta se fizesse isso. Imbecil eu nunca fui.

Então, vi o João e fingi que nem conhecia. Passei bem longe dele. Sempre faço isso quando revejo alguém do meu "querido" colégio. Atravesso pro outro lado da rua, abro a bolsa e começo a vasculhar, olho com interesse pro primeiro outdoor que vejo na frente. Cumprimentar? Pra que? Evito constrangimentos. Meus e dos meus "colegas".

Fui ao banheiro e quando voltei a barra estava limpa. Ele tinha entrado na Saraiva. Estava acompanhado de uma morena linda, de cabelão longo. E eu fiquei super feliz por ele. Feliz que ele tenha encontrado o caminho dele. E eu o meu. E dei graças a Deus por não ser mais o patinho feio.

Desci e encontrei meu marido no guichê do estacionamento, me esperando. Fiquei super feliz em vê-lo lá. Tenho sorte. Um marido que me ama e me quer bem, depois de tudo que passei, é um luxo infinito, pelo qual sempre agradeço aos céus.

Acho que meus amados "coleguinhas" ficariam surpresos em ver a pessoa que me tornei. Ainda bem.