sábado, maio 19, 2007

A procura

Naquela noite, a cama nunca foi maior. Sonhos cheios de culpa, em que ele seguia a mulher vestida de azul e depois caía em um precipício. Uma noite sem sono. Um pesadelo sem fim.

Levantou-se e lembrou que era sábado. Iria passar o dia inteiro à procura da mulher. Decidiu novamente procurar a sogra. Ela devia ter alguma pista.

Pagou o táxi e bateu a campainha apressado. A sogra o convidou a sentar.

Quando se sentou, um turbilhão de lembranças invadiu a sua mente de uma vez. Havia ido àquela casa quase todos os fins de semana dos últimos 10 anos. Desde quando namorava até quando se casou, a sogra era pessoa freqüente em sua vida. E os dois mantinham muito bom relacionamento.

"Quero saber onde ela está, dona Elis. Preciso saber. Tenho direito de saber, como marido dela"!

"Bom, onde ela está ela não me revelou, mas me contou que está bem e que está muito brava com você".

Ele corou levemente. Não imaginava que a mulher contaria à mãe sobre os problemas conjugais.

"Dona Elis, eu quero encontrá-la e fazer as pazes com ela. Eu ainda a amo".

"Bom, se você ainda a ama vai ter de provar isso pra ela e não vai ser nada fácil. Ela não acredita mais em você. Você não foi honesto com ela".

"Como assim, não fui honesto? Eu nunca a traí! Jamais dormi com outra mulher durante nosso casamento! Ela está sendo ridícula! Está com ciúmes de uma mulher com a qual nunca me relacionei".

"Mas você deseja essa mulher, de uma forma como não deseja mais a minha filha. Você iria continuar casado com ela por puro comodismo. E também porque adora sua filha, jamais a deixaria sem pai".

Ante essas palavras, o homem ficou desolado. Não adiantava. Não conseguiria nada ali.

"Acho que antes de procurar minha filha, você deve encontrar a si mesmo primeiro. Descubra se você a ama de verdade".

O homem se despediu, se sentindo o pior dos seres humanos.

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