segunda-feira, agosto 11, 2008

O livro preto

Peguei um livro emprestado que muita gente vai se espantar de eu estar lendo: "O Doce Veneno do Escorpião", da Bruna Surfistinha.

Sim, estou lendo o famigerado livro de capa preta. Muitas mulheres dirão: Ooooooo! E muitos homens dirão: Uuuuuuuu! E eu direi: e daí?

É só um livro. Um singelo livro. Não é tão pesado assim. Nem pornô. Conta a história de uma menina que decidiu sair da casa dos pais. Tinha vida boa. Usava grifes famosas. E para não perder a vida boa, quis manter o "padrão", ganhando R$ 100 por transa, 40% de lucro, numa casa de prostituição.

Ela não fez absolutamente nada de errado, a não ser abandonar os pais. Se prostituir não é crime? Não, não é. Pode olhar lá, está na lei. Você pode, sim, vender o seu corpo. O que você não pode é dar a alguém o direito de vendê-lo por você, a famigerada cafetinagem, essa sim crime previsto na lei.

O corpo era dela e ela fez o que quis com ele. Ao contrário de 99,9% das mulheres, não tenho nada contra prostitutas. Nunca tive. Nunca achei que elas fossem vagabundas ou desocupadas e que deveriam lavar roupa ou coisa do tipo. Também não acho que só está nesse negócio quem quer. Acho que cada um faz seu caminho.

As prostitutas existem porque os homens as demandam. Essa é a pura verdade. Lógico que eu não gostaria de ser traída com uma prostituta, mas eu também não gostaria de ser traída com uma mulher "comum" (como definir comum?). Traição é traição. E prostituição é trabalho como qualquer outro. Por mais divertido que sexo seja, uma mulher que transe cinco vezes ao dia, cinco vezes por semana, entra no automático. E automatizar é trabalho.

Atrizes pornôs (que eu também não odeio) devem ser a mesma coisa. Já ouvi algumas dizendo que sem dorflex não tem como trabalhar. É na base do remédio mesmo. O esforço deve ser muito grande. E o pior: ainda fazer cara de puta feliz e cuspir aquilo em direção à câmera. Jesus...

Não queria esse tipo de sacrifício para mim, mas o que elas querem não é problema meu. Leio o livro preto sem preconceitos. E pelo pouco que li, tenho dó da Bruna. Não por ela ter se prostituído, mas pelo que me parece ter sofrido por ser adotada. Na página 20, ela conta que perguntou à professora o que era adoção. Devia ter uns cinco anos de idade. Olha a resposta da professora: "As pessoas adotadas foram bebês abandonados em um lugar porque a mãe não podia ou não queria criar".

Minha conclusão: tem professoras que são piores que putas. Não se ofendam, mas uma resposta preconceituosa dessas para uma criança é covardia! Tem dó!

Depois conto mais do livro.

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