segunda-feira, fevereiro 04, 2008

O primeiro enterro

Milestown ficava na fronteira com o México, um deserto minúsculo, composto por seis quarteirões. A cidade terminava em um enorme precipício, tinha 12 ruas e uma igreja. Não havia cinema, shoppings ou lojas de grife em Milestown.

Era um pedaço de terra sem eira nem beira. Os habitantes tinham poucos afazeres. Iam à igreja, faziam bailes, gostavam de música country. Plantavam e criavam gado, galinhas, porcos. Pareciam uma dessas comunidades que pararam no tempo. Só que a Internet já havia chegado lá, pelo menos.

O suicídio de Jen foi um susto para toda a comunidade. De repente, o corpo ensagüentado e cheio de areia, sem vida. A repercussão foi enorme. As famílias todas eram numerosas. E todas compareceram ao velório.

Não havia quem não achasse motivos para a garota ter se jogado. Alguns diziam que era amor não-correspondido. Outros, falavam que era o relacionamento inconstante com a mãe. Mais alguns espalhavam que morar em uma casa com mais 15 irmãos e irmãs devia sufocá-la. Fato era que poucos se lembrariam daquele primeiro enterro anos depois.

A cidade estava começando a trilhar um caminho sem volta em direção à "modernidade".

Um comentário:

Anônimo disse...

Oi, Priskka.
Cheguei aqui pelo blog do Bruno Medina, li um comentário interessante seu lá.
Gostei da história da Jen, apesar de que suicídio é uma coisa tão dura de se ler... Achei que vc foi direto ao ponto, ao falar da transformação da cidade.
Acho que vai ser bem interessante voltar aqui pra ler mais.
Inté!