Ela se sentia muito mais abandonada que ele. Os dois na cama já não funcionavam mais. Ele já não a procurava. Ela já não sabia o que dizer, o que fazer...
Ela sentiu ciúme do olhar dele para a colega de trabalho. Ele já não a olhava com todo aquele desejo.
Mas, o que tinha acontecido? Porque as coisas haviam chegado a esse ponto? Qual o motivo?
Será que ele ainda a amava?
Era isso que ela queria descobrir.
E queria descobrir também se ela ainda sentia todo o sentimento por seu esposo. A dor no peito. A angústia de esperar ele chegar do trabalho para cobrí-lo de beijos. Pensar nele o dia inteiro.
Será que ela ainda sentia tudo isso?
"Será que ele vai sentir minha falta"?
Quando deu por si, já estava na porta da casa de Renata.
Renata era sua prima querida que morava nos Estados Unidos. Havia voltado no dia anterior. Ficaria um mês no Brasil resolvendo questões relacionadas à renovação de seu visto.
Na cozinha, elas sentaram e tomaram uma xícara de chá. A menina estava cansada e foi dormir na cama improvisada pela prima de sua mãe.
"Nós passamos por muita coisa juntos. Conversávamos sempre. Fomos honestos sempre. Em tudo. E agora, ele se sentiu atraído pela colega de trabalho".
"Mas ele chegou às vias de fato? Ele transou com ela? Eram amantes"?
"Não. Eu fui visitá-lo no serviço e desconfiei um pouco de como ele encarava a moça e então, levantei a ficha dela. Você sabe, aquele primo nosso, o Evandro".
"Você colocou o Evandro seguindo a moça"?
"Claro. Eu não sou burra. E ele se prontificou em me ajudar".
"E aí"?
"E aí que nada. Eles jamais se encontraram fora do horário de serviço. Mal se falavam. Eu também tenho meus contatos onde ele trabalha".
"Menina, você não é fácil, não, hein"?
"O que mais me revoltou, sabe, foi que ele não me disse nada. Ele permaneceu em silêncio. Se ele tivesse me dito que estava atraído por uma mulher, que desejava 'carne fresca', eu poderia até ter reagido diferente".
"Até parece..."
"Até parece nada! O pior não é a traição. O pior é a falta de lealdade e de respeito para com o seu parceiro. Eu me senti traída não porque ele está apaixonado por outra mulher e sim porque ele não me respeitou o suficiente para me dizer que já não me amava mais. Me deixou iludida na expectativa de que fossemos continuar casados".
"E agora? O que você vai fazer"?
"Ficar aqui, por enquanto. Ainda não sei pra onde vou. Tenho certeza que ele vai me caçar como um cão farejador, à procura da nossa filha. Ele não sabe que você voltou dos Estados Unidos. Não tive nem tempo de contar a ele".
"Bom, vai ser um prazer recebê-las. Mas, apesar de sua revolta, acho que você não devia ter fugido. Agiu no impulso".
"Mas agora não tem volta. Vou seguindo meu caminho".
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