Ele ficou desnorteado, sem saber o que fazer.
Ela, por um olhar, havia descoberto tudo.
Já fazia algum tempo que ele se interessava pela companheira de serviço.
A calça jeans apertada, os olhos negros de lápis, o batom vermelho-sangue. Tudo convidava ao sexo, cheio de violência e lascívia, de preferência na mesa da sala de reuniões.
Mas ele nunca havia tido uma oportunidade.
A musa não sabia de sua reles existência.
No coquetel do dia anterior, deslumbrante em um vestido vermelho, a garota era pura sedução.
Ele havia deliberadamente babado por ela.
E sua esposa não era cega.
Agora, ele estava chocado. Com a carta nas mãos, ele se desesperou.
Aquilo era só desejo, será que ela não percebia?
Ele jamais teria coragem... Ou será que teria?
Elas não estavam na casa da sogra, nem na casa da mãe dele. Também não estavam na casa da melhor amiga do casal. Quando ele ligou para o celular dela, escutou, para seu desespero, o toque do Danúbio Azul vindo de seu quarto. Ela e a filha haviam desaparecido e não tinham como ser encontradas.
Tudo isso porque seu desejo pela esposa havia acabado.
Para ela, isso havia sido a gota d’água em um casamento que já não ia bem há alguns meses.
Agora, ele experimentava, pela primeira vez na vida, a sensação de abandono.
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